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sexta-feira, 30 de julho de 2010

buzzer, death and one mounth.


Minha manhã foi muito tensa, muita coisa mal resolvida que acabou se tornando um encosto momentâneo e passageiro ainda bem, o dia foi corrido, sexta-feira finalmente. A limpeza continua e eu acabei lavando uns porta-cartazes, muitos.Assisti uma palestra sobre sangramento intestinal eca. Mas o melhor de hoje foi a sirene do alarme de incêndio disparando pro Treinamento de Evacuação do prédio, último dia da Sipat sempre tem isso, ainda bem que trabalho no primeiro andar, saí em cinco segundos se fosse de verdade estaria a salvo, amém. No final o nosso gerente agradeceu a todos que participaram da semana e falou o nome do pessoal que fez o teatro bem alto, senti meu sangue subir e minhas bochechas avermelharem quase que instantaneamente, mas a sensação é legal, tu ouvir um obrigado perante quase quinhentas pessoas!
Hoje é 30 de Julho, um mês.
A morte é uma coisa tão estranha tão subjetiva, tão subestimativa uma coisa quase improvável hoje faz um mês que o Tio Arthur se foi, parece que ele ainda está por aqui, conversando, rindo, brincando, pedindo ajuda no quesito tecnologia, sinto falta, ele estava aqui todos os dias e agora quando a Tia Nina chega sozinha sinto um aperto no peito, ouço o portão abrir e por um momento imagino ser ele, que chegaria dançando a dança do siri pra todo mundo rir e passar o stress. Agora um mês depois, eu começo a relembrar como foi aquela quarta-feira 30 de Junho, era aniversário dele.Tinha carneiro no buraco no dia, eu já estava com tudo combinado para ir. Fui ao dentista às sete e vinte, quando voltei...umas sete e meia...ele já havia sofrido um acidente, e estava indo pra UTI, me assustei muito (NOTA: quando as pessoas vão para o hospital eu literalmente não me importo, algo me diz que a pessoa vai voltar para casa bem, então eu não dou muita bola, dessa vez eu dei.)Minha tia liga para minha mãe dizendo que a situação está complicada, eu resolvo tomar banho e me arrumar na boa, eu entro no banho, começo a me ensaboar. O telefone tocou. "Eu não acredito, ai Meu Deus do céu! Mentira, não Rosira é mentira para com isso". Batidas fortes na porta do banheiro, ouve-se minha mãe tentando falar baixo na porta do banheiro: "O Tio Arthur morreu Júlio, morreu". Impossível. Saio do banho e a encontro aos prantos com a nora dele. Choro, desespero, tremedeira, raiva. Eu não conseguia acreditar, eram sete e quarenta, em vinte minutos uma pessoa parou de existir nesse plano.Em seguida o filho dele chega, chorando. Aí eu comecei a acreditar. Todos foram para a casa da minha tia, ela estava inconsolável, sem palavras. Quando cheguei lá, (isso já era meia-noite) minha tia estava em estado indescritível.Não conseguíamos parar de chorar, era tudo muito inacreditável, muito rápido, repentino de mais. Como pode? Chorando, olhei na porta da geladeira um ultimo bilhete dele para ela pedindo desculpas por algo que ele fez naquele dia, não me lembro o que, fiquei mais triste ainda. "O corpo foi liberado" alguém disse, fui para casa tomar um banho e em seguida, fui ao Prever. A ficha caiu. Lá estava ele imóvel com um sorriso no rosto do tipo "Estou em paz". A madrugada foi péssima, dor de cabeça, choro, desespero. Pessoas da família de outras cidades vinham chegando. Resolvi ir pra casa dormir um pouco, quando voltei tinha muita gente e minha tia na mesma posição que eu há vi às cinco: do seu lado, fazendo carinho, dando tchau, chorando. Foram mais ou menos 16, 17 horas de velório, sinceramente, me pareceram dias e mais dias que não passavam. A pior parte definitivamente é o enterro, é a última vez que você vai ver a pessoa, nunca mais à verá novamente. O pôr do sol estava lindo, a medida que a urna ia descendo o sol ia baixando, calmo, sem pressa. Por fim o que a minha mãe temia, o bater da pázinha nos tijolos, desespero total. Flores para todos os lados, gente chorando sem palavras, gente passando mal. As piores visões e sentimentos que alguém pode ter. Mas a perda é um processo relativo indispensável na vida de uma pessoa, se não passou, não saberá como é. Foi terrível quando eu entendi que ele nunca mais ia me ligar domingo de tarde pra eu ensinar ele a mexer no celular novo ou talvez ele nunca mais ia chegar aqui e fazer comprimento hippie na minha vózinha de oitenta e quatro anos e também saber que eu ele não me perguntaria se eu engoli uma vitrola e u não mais responderia: "Uma vitrola não, mas uma 'molédinha' engoli". Um mês já se passou, o silêncio é desconfortante, a tristeza é dupla e o vazio é eterno. Luto, Arthur Pereira.

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Um sagitariano impulsivo e incontrolável, que sabe o quer e corre atrás de tudo que precisa. Honesto, simpático, extrovertido. Falo demais, escrevo na mesma proporção... ou não. Sincero ao extremo, ansioso, insistente. Gosto de gente, gente de verdade sem superfluidades. Não existem quase verdades ou quase fatos.